Pular para o conteúdo principal

Adivinhações de Santo Antonio




Sou romântica inveterada. Sempre acreditei no amor e continuo acreditando. Mas também sempre acreditei que o amor é um sentimento para nos fazer bem, para nos fazer sonhar - não para ter pesadelos.

Como toda romântica, sonhava em encontrar um príncipe encantado. E, claro, quando adolescente, estimulada pelas amigas, irmãs e vizinhas, acreditava que Santo Antonio não só promovia casamentos, mas também podia dar pistas através de adivinhações feitas no dia que lhe era dedicado.

Não sou supersticiosa. Não tenho medo de gato preto, de sexta-feira 13 ou de passar embaixo de escada. Claro que, se tiver que fazer isso, vou passar com cuidado para que nada que esteja sobre ela caia sobre mim.

Minhas vizinhas diziam que era batata uma adivinhação que tinha que ser feita à meia-noite, numa bananeira. Essa não fiz, tanto que nem lembro direito como fazer. Mas fiz outra, fácil, fácil. E que deu certo, acreditem.

No ano que eu completaria 15 anos, a curiosidade da moçada em saber com quem casaria (nem namorado tinha) atiçou minha própria curiosidade. Então, cortei pedacinhos de papel, escrevi em cada um deles letras do alfabeto. Depois dobrei cada um deles, coloquei em um pratinho e este foi colocado no telhado. A adivinhação previa que os papeiszinhos tinham que dormir no sereno. Ao amanhecer, apenas um papel estaria aberto.

No outro dia pela manhã, fui ansiosa: o papel aberto era o da letra R. Que frustração! Não conhecia nenhum garoto com letra R. Pouco mais de um mês, no meu aniversário , apareceu uma turma de Maceió. Um carinha, de nome Reuben (acho que era isso), grudou no meu pé. A torcida era total. É ele, diziam minhas amigas. Pra mim não era. Como podia ser, se não tinha sentido meu coração disparar? Achei que esta história de adivinhação era papo furado. Nem dei bola pro carinha.

Em setembro, meu coração disparou e senti frio na barriga só de ver um carinha em uma festa. Não o conheci. Isso só aconteceu uns 15 dias depois. Em outubro, começamos a namorar. Seu nome começava por R - Roberto. Namoramos por dois anos - um NAD (Namoro a distância); nos perdemos de vista. Tive outros amores. Ele casou, teve um filho e descasou. Dez anos depois nos reencontramos, reiniciamos um namoro (agora presencial), fizemos estágio de casamento, moramos juntos e depois de 12 anos nos casamos oficialmente em uma cerimônia mística (uma adaptação do casamento wiccano). Mais 10 anos já se passaram.

Há muito tempo parei de achar que a adivinhação era papo furado. Santo Antonio deu a pista. E nós dois cuidamos para que o frio na barriga e o disparar do coração não parem de acontecer. Entendemos, os dois, que amor é pra fazer bem. E levamos isso ao pé da letra. Se você não sabe qual a letra que lhe cabe, que seja qualquer uma, desde que cheia de amor.

O R de Roberto foi o papel aberto na adivinhação de Santo Antonio


Comentários

  1. cada dia que passa...te admiro mais...e admiro ainda mais esse amor lindo de voces, meus tios.

    Evanice Amorim

    ResponderExcluir
  2. Que você se permita um amor como o nosso. Todos nós temos direito.

    ResponderExcluir
  3. Adorei!!!!
    Muitas felicidades pra vocês."!!

    ResponderExcluir
  4. amiga,tambem fiz esta adivinhação mas como sempre fui muito namoradeira terminei esquecendo a letra. mas com certeza nao foi M e nao foi C. acho que vou fazer de novo... quem sabe meu principe nao vem ai.....
    aninha

    ResponderExcluir
  5. Danda vendo você falar assim destas histórias, me lembrei que também fiz, porém a minha foi feita em uma bacia de água, e não precisei colocar no telhado.Só esperei abrir, e o engraçado é que se abriram 2 letras ao invés de uma.
    um J e um E.Ai agora pensei: Nossa, deu mais que certo,porque indicou a primeira dos dois nomes do meu marido.rsrsr J de José e E de Edilson! Rezenha né?

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Quantas moradas tem o seu afeto?

Vanda Amorim · Quantas moradas tem o seu afeto Onde é o seu lugar, o seu lar? Temos um único lar, uma única família ou, como diz na Bíblia sobre a "Casa do Pai", também podemos ter muitas moradas? Acredito nas muitas moradas de Deus e na possibilidade de muitas moradas nossas, nas devidas proporções, claro! Comecei a refletir sobre isso ao acordar hoje, dia em que completo 32 anos que cheguei a Salvador, e resolvi confabular com vocês. Minha morada inicial nesta encarnação é Paulo Afonso - BA. Ali fui recebida por meus pais, Nilton e Nicinha, e por cinco irmãos (três meninas e dois meninos); também por meus avós maternos, Zezinho e Minice, e por tias, tios, primas e primos. Depois recebi com minha família outras cinco irmãs.  E depois mais cinco irmãs e um irmão, trazidos só por meu pai, em nova união. Meu coração aprendeu a amar ali.  Muitos dos que alimentaram este coração já retornaram ao lar espiritual: meus avós, tias e tios. Do lado materno só Manezinho prossegue c

O Filho de Jesus

O papa Bento XVI, recentemente, indignou muita gente mundo afora ao declarar que cristãos são apenas os católicos. Cristão, pelo que tenho estudado, é aquele que segue os ensinamentos deixados por Jesus Cristo, sendo o maior " Amai a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo". Jesus Cristo foi um líder - é um líder. E é comum que seguidores de líderes sejam cunhados com algum termo quer faça referência ao líder. Assim é com os budistas. Na política acontece a mesma coisa. Os liderados por ACM eram (são) carlistas; tem (ou tinha) os waldiristas, vianistas, soutistas, lulistas... Mas não quero confabular sobre política partidária. Portanto, voltemos ao tema Cristo. No final da semana passada surgiu uma nova teoria sobre o quadro " A Última Ceia", de Leonardo da Vinci, foco de especulações em todo o mundo desde que o romancista Dan Brown baseou seu livro "O Código Da Vinci" na obra, argumentando em sua história que Jesus casou-se com Maria Madal

A dor dos filhos "bastardos"

Hoje, ao fazer cobertura do trabalho dos defensores públicos na Ação Cidadã Sou Pai responsável, no bairro da Liberdade, em Salvador, tive a oportunidade de confirmar a fragilidade das relações dos casais da atualidade e o buraco deixado em muitos por uma legislação marcada pelo preconceito, embora já justamente corrigida. No Centro Social Urbano da Liberdade passaram mais de 100 pessoas, a convite da Defensoria Pública, que busca estimular a paternidade responsável e oferece exame de DNA gratuito. Tive a oportunidade de conversar com alguns, que me autorizaram relatar os seus dramas. Gostaria de contar a história de Arivaldo José Veloso (foto), 54 anos. Ele conviveu por toda a sua vida com o estigma de " filho bastardo", imputado por uma legislação preconceituosa. Durante a infância não sentiu muito o peso desta condição. Mas, ao se tornar adulto e ser questionado, todas as vezes em que apresentava a carteira de identidade (RG), o porque de não ter o nome do pai, começou a f